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Ações da Petrobras disparam com mudança no comando

Mercado avalia positivamente nome de Graça Foster para presidência da empresa

Maria das Graças Foster, atual diretora de gás e energia da Petrobras, foi indicada para presidir a estatal

Maria das Graças Foster, atual diretora de gás e energia da Petrobras, foi indicada para presidir a estatal

O mercado reagiu bem à troca de comando da Petrobras, oficializada nesta segunda-feira, e as ações preferenciais e ordinárias da empresa tiveram as maiores altas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com valorização de 3,75% e 3,60%, respectivamente, nesta segunda-feira. O presidente do Conselho de Administração da empresa, ministro Guido Mantega, vai indicar a atual diretora de gás e Energia da Empresa, Graça Foster, para o cargo de presidente da companhia. A empresa divulgou nota oficial por volta de 12h desta segunda-feira sobre a mudança de comando, após a substituição do atual presidente José Sergio Gabrielli ter sido noticiada pela imprensa.

– A indicação de Graça Foster era esperada pelo mercado, já que sempre que se falava na troca de comando da empresa o nome da diretora de gás e energia era citado. É uma pessoa com grande experiência técnica, tem conhecimento da empresa e não havia nome melhor para substituir Gabrielli. Será uma gestão muito técnica – avalia Igor Maresti, analista da BES Securities, corretora de valores do BES Investimento do Brasil.

Para o advogado Claudio Araújo Pinho, especialista em Petróleo e Gás, a indicação de Graça Foster não gerou expectativa para o mercado. Ao contrário, o fato da nova presidente da empresa estar em sintonia com os projetos que Gabrielli vinha tocando é uma sinalização positiva.

– Além disso, a gestão de Graça Foster será muito mais técnica do que política. Não vejo, por exemplo, o risco de Graça Foster sair do cargo a qualquer momento para se candidatar a uma cargo político – diz o advogado.

É claro que, como em qualquer troca de comando de empresa, mudará o estilo do novo presidente.

– A gestão é individual de cada presidente, portanto a agenda que estava sendo tocada no dia-a-dia deve sofrer ajustes. Mas isso não é negativo. Fala-se que ela tem um jeito ‘duro’, mas hoje em qualquer empresa a cobrança por resultados existe. Nesse aspecto, isso é até positivo. Um estilo mais ‘duro’ pode tornar a Petrobras ainda mais competitiva no mercado – analisa o advogado.

Para a Corretora Coinvalores, de São paulo, Graça Foster deve dar continuidade aos projetos de investimento da empresa e não se espera uma ‘guinada fora da curva’ com a nova presidente. A corretora mantém a recomendação de compra para os papéis da empresa este ano e está revisando o preço alvo. No ano passado, as ações preferencias da empresa caíram 18,3%. Este ano, a valorização já chega quase a 17%.

– Nossa avaliação é que as ações da empresa terão um desempenho superior ao ano passado – avalia um analista da Coinvalores.

A troca de comando na Petrobras foi oficializada com uma nota oficial:

“A Companhia informa que o Conselho de Administração é o órgão responsável pela eleição de seu presidente. O Presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Sr. Guido Mantega, já manifestou que vai encaminhar como proposta a ser apreciada na próxima reunião do mesmo, a se realizar dia 9 de fevereiro próximo, a indicação da atual Diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster, para presidir a Petrobras. Uma vez o assunto em questão seja aprovado pelo Conselho, a Companhia dará ampla divulgação do fato”, diz a nota divulgada pela Petrobras.

O perfil técnico de Graça Foster, destacado pelo mercado, vai bem ao gosto da presidente Dilma Rousseff, de quem é amiga. Engenheira química com pós-graduação em engenharia nuclear pela UFRJ, ela é considerada competente, leal a seus superiores, exigente e às vezes pouco afável nas negociações — o que faz com que muitos a vejam como uma pessoa dura. Funcionária de carreira, comandou seu programa de biodiesel da estatal.

Gabrielli, que está há quase sete anos à frente da companhia petrolífera, deve assumir um cargo no governo Jaques Wagner e, depois, disputar as eleições em 2014 para o governo da Bahia ou para o Senado. A saída do executivo era alvo de especulações desde o ano passado, por suas aspirações políticas.

– A avaliação da gestão Gabrielli é muito positiva. A empresa foi testada e respondeu positivamente num regime de competição, em que o monopólio da exploração do petróleo foi quebrado no país. Nos últimos cinco anos, a empresa consolidou algumas posições importantes. A Petrobras America, por exemplo, explora petróleo até no Golfo do México. Também há posições importantes na África, em países como Moçambique e em Angola – avalia o advogado Claudio Araújo.

– Gabrielli liderou grandes transformações da empresa.A descoberta do pré-sal, por exemplo, aconteceu sob sua gestão – diz o analista Igor Maresti.

De estagiária a presidente da Petrobras

A história de Graça reflete diversos pioneirismos. Ela entrou na estatal como estagiária em 1978 e chegou a ser uma das primeiras mulheres a trabalhar “embarcada” nas plataformas de petróleo em alto- mar. Ela ocupou diversos postos de prestígio na companhia e no setor energético. Esteve à frente, por exemplo, da BR Distribuidora e da Petroquisa.

Além disso, já esteve na administração federal: foi titular da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia quando Dilma era a titular da pasta. Ali, coordenou o Prominp, programa de qualificação da indústria do petróleo, e o programa de biodiesel do governo.

Mas foi no retorno à Petrobras — ela voltou para substituir Ildo Sauer na diretoria de Gás — onde se fez mais conhecida e mostrou alguns traços de sua personalidade. Além de estar totalmente envolvida com o desenvolvimento do pré-sal, foi muito combativa na chamada “crise do gás”, quando Brasil e Bolívia divergiram sobre a quantidade e o preço de combustível do país andino que viria para o Brasil.

Gabrielli assumiu comando da Petrobras em 2005

Já Gabrielli entrou na Petrobras em 2003, como diretor Financeiro e de Relações com Investidores, por indicação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, sua nomeação causou apreensão no mercado, que considerava seu perfil acadêmico demais para a função. No entanto, Gabrielli conseguiu quebrar a desconfiança dos investidores e assumiu a presidência da Petrobras em julho de 2005, mesmo ano em que ganhou do jornal “New York Times”, o título de “Melhor Executivo de Finanças da América Latina” e o troféu “Equilibrista”, do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). Gabrielli é formado em economia pela Universidade Federal da Bahia e fez doutorado na Universidade de Boston.

Fonte : O Globo

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