Equipamento ajudará a monitorar ambiente marinho
Chegará nesta terça-feira à Bacia de Santos o robô mergulhador Glider, o primeiro de três gêmeos que irão explorar cientificamente o pedaço do mar entre as costas dos estados de São Paulo e do Rio, onde está guardado o petróleo da camada pré-sal. A missão é abastecer de informações um laboratório da Coppe/UFRJ, que desenvolve um modelo matemático para previsão de condições marítimas, a exemplo do que existe na meteorologia.
Caso haja um vazamento de óleo, o modelo desenvolvido pela Coppe permitirá saber com maior precisão o ritmo e a direção de avanço da mancha. Ou então uma empresa de exploração poderá usar as informações do comportamento oceânico para projetar suas instalações em alto mar.
Informações serão públicas
São dados indispensáveis, portanto, para a produção de petróleo que será instalada no pré-sal. Chamado de Projeto Azul, uma das grandes vantagens da empreitada é o fato de dispor as informações para consulta pública.
O robô, que lembra um torpedo, consegue submergir até mil metros. Tem autonomia de seis meses e é movido a bateria de lítio, como a dos celulares. O equipamento é capaz de enviar dados sobre temperatura da água, salinidade, pressão, quantidade de oxigênio dissolvido e níveis de turbidez e clorofila, indicadores que ajudam a identificar a saúde da vida marinha.
— Estudar uma região ainda praticamente virgem, como a Bacia de Santos, permitirá comparações com o futuro e medir melhor os impactos da exploração econômica. Na Bacia de Campos, já repleta de interferências, não é possível uma comparação tão boa — explica Luiz Landau, coordenador do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe.
Os outros dois robôs serão lançados até maio na região. Boias para medir correntes do mar e um perfilador capaz de afundar 2mil metros completam o arsenal de coleta de dados, que serão processados no supercomputador do Lamce. A máquina da Coppe, capaz de fazer 80 trilhões de cálculos por segundo, também vai usar dados de satélites. A BG Brasil, companhia de hidrocarbonetos, vai monitorar o desenvolvimento do modelo computacional.
Maurício Fragoso, diretor geral da Prooceano, empresa que opera os robôs, explica que o equipamento, desenvolvido nos EUA, não usa motor. Um sistema de compartimentos infláveis e contrapeso feito com a própria bateria move o robô. Ele destaca que, mais que a tecnologia, o Projeto Azul se destaca pela abertura das informações.
— Não existir um sistema de observação com dados abertos é incompatível com com o tempo que vivemos e o que ocorre nos EUA e Europa.
Já no mês que vem, o Projeto Azul vai publicar as primeiras informações.
Fonte: O Globo